Matéria da revista Brando com Carla Peterson



"Alguém tem entradas para o show da Madona? "A loira mais graciosa da TV quem ir ao show, mas não consegue entradas e aceita doações. Namorados, filhos e seus desejos mais profundos: mudar de Palermo (disse que tem muitos fotógrafos) e fazer uma biopic de Mirtha Legrand.
Uma desorganização organizada. È um pouco de Carla Peterson. Como as divas, que correm de um lado pra outro e, sempre explendidas, não sabem quando vão descansar, parecia que a garota não ia conseguir arrumar sua agenda para falar com Brando. Mas o que a primeira vista parecia um esperto desinteresse, era na verdade desorganização.
Quando a conversa estava parada, era impossível adivinhar que Carla ia ser tão Carla, com um bom humor desses que cura a todos. Antes de sentar para conversar, era muito difícil imaginá-la dizendo coisas como que tem vontade de mudar-se para longe de Palermo (vive em uma parte conhecida hoje como Soho). “esta muito cheio de fotógrafos”, é uma queixa que poderia parecer de uma diva, mas não, porquê ai chega a cordobesa e acrescenta: “Este bairro, também, esta cheio de bananas e se andar um pouco por Honduras nesta época do ano, entenderá que a primavera não é a estação da alegria, é a da alergia”. As risadas, com ela, é certeza. Ela é uma garota da TV, com tudo de bom e de mal que isso implica.
Mas basta vê-la um segundo em ação para entender que é muito mais que a malvada Brigitte de Son amores, ou a Constanza topetuda e maliciosa de SOS Mi Vida. A Peterson tem fãs clubes na Rússia, sim, e sua carreira começou na novela teen Montaña Russa. Mas essas são dados aleatórios.
Para começar, vale dizer vale dizer que é uma loira de lei, mas daquelas que quase não existem: não é frágil, não é dedicada e sim, é linda, mas não é perfeita. Para continuar, vale destacar que é ultra feminina, mas tem uma voz arrebatadora que lhe da um toque de graça. É uma viciada em moda confessa, mas também ultrapassa a sensibilidade. A Peterson é, entre milhares de outras coisas, um magnético paradoxo ambulante.
Interpretou desde Shakespeare ate Samuel Beckett enquanto construía sua carreira na televisão. O Martin Fierro de Melhor Atriz Protagonista e o de Ouro que levou com Lalola, mas eficaz para lidar com todos e cada um dos personagens que recebeu por sorte desde que mostrou seu rosto na pequena tela conduziu ao obvio: um merecido êxito, um reconhecimento de critica e público que ameaçava não vir, mas no final chegou a tempo.
Agora volta a trabalhar no próximo projeto de Undergroud, a mesma produtora que esquentou a gelada tela de America o ano passado, e isso é a esperada tira de iminente partida ao ar em horário nobre da Telefé: Los Exitosos Pells. Por isso está tão corrido, claro.Não tem tempo na segunda, nem na terça, menoa ainda na quarta, quinta impossível, sexta, tem que ver, e se, na próxima segunda poderia ser.... mas no final não porque esta convidada para o jantar beneficente da Fundaleu. Passam os dias e e se torna fácil querer odiá-la um pouco. Uma comitiva de imprensa seguem avisando que não. Que quer, sim, mas que não tem quando.Então se tira o ultimo recurso do armário dos jornalistas desesperados e a decisão tomada é a de segui-la, como um paparazzi, por onde seja quer que ela vá. Neste caso, tão portenho como glamoroso, tudo indicava que poderíamos encontrá-la em um desfile de Las Oreiro, durante um coquetel no pátio de um hotel muito elegante.
Mas não. A Peterson volta a trocar a agenda, de idéia. Avisa, por sorte, e porque sim, porque na realidade é tão encantadora como a gente acredita, e então reprograma tudo. Combinou em um barzinho em Palermo, disse as oito e, quando caiu a noitezinha primaveril sobre as ruas arborizadas do bairro fashion mas boêmio, aparece repleta de desculpas e não, não pudi odiá-la.


“Ai me encanta BRANDO. Comprava muito quando fazia Lalo, porque era como a revista que imaginava que ele poderia ler e servia para ter dados de um garoto assim”, avisa, se senta, pede um chá de menta e sorri da um sorriso de cara toda.


BRANDO: O que você gostaria de fazer profissionalmente que não fez ainda?
CARLA: Teatro clássico, que fiz, mas eu gostaria de fazer a nível comercial, que é muito diferente. Uma obra de Shakespeare, mas para que todo o mundo veja. E uma biografia, adoraria interpretar a vida de alguém exista ou já tenha existido. Uma vida real me parece um excelente desafio.


BRANDO: Como a vida de quem?
CARLA: Eu....faria a vida de Mirtha Legrand. Sou parecida! Viu? (risos). È que tenho que pensar sempre em loiras.BRANDO: Pode fazer as duas, a Mirtha e a sua irmã.....CARLA: Ai, simmmmmmmm, A Meliza! Adorei. (risos).






BRANDO: Depois de Lalola, havia dito que iria descansar da TV, que basta de novelas.
CARLA: Eu menti a todos, esta fazendo de esperta. Não, falando serio: essa era minha idéia, mas achei muito interessante a proposta de Los Exitosos Pells, e a gente gosta de atuar e se convocam para fazer algo assim, a gente faz. Não pensava que ia aparecer um projeto bom tão rápido assim, A verdade. È muito difícil, depois de algo tão forte como foi Lalola, ver com o que seguir. Como. É divino pensar em ficar tranqüila, mas não sei quanto duraria sentada na minha casa. Igual, este é o ultimo, agora sim, eu juro aqui. Depois paro um tempo.






BRANDO: Esta tira repete grande parte da equipe de trabalho anterior e o público de alguma maneira sabe mais ou menos o que esperar. Em Lalola você era um homem em um corpo de mulher. Em Los Exitosos Pells, qual é a grande surpresa?
CARLA: É um casal que trabalha em um canal de noticias e eles são os condutores estrelas. Estão casados, mas de fachada, porque na realidade ele é gay e estão juntos por conveniência. Um dia, o marido tem um acidente e é substituído por outra pessoa igual a ele, que ocupa seu lugar e ninguém sabe. Então continua sendo meu suposto marido como sempre, mas é outro homem....que não é gay. E obvio, se apaixona por mim e assim começa o enredo da comedia. Mike Amigorena faz o papel dele. Melhor dizendo, os dois. Assim que agora ele tem que fazer a personagem mais complicada, e que leva a trama como aonteceu comigo em Lalola, e outra. Eu desfruto de servir á esta comedia.

BRANDO: Batato Barea sempre falava do prazer de ser o segundo.
CARLA: Isso é muito bom, é uma grande frase.

BRANDO: Não é um poço bipolar isso de ser atriz, toda a vaidade que implica, e as vezes ser tão reservada com sua vida privada?
CARLA: Não é difícil é? Sai naturalmente de mim (risos). As vezes custa um pouco, porque antes de ir ou não ir a um lugar, penso. Mas quando eu decidi ser atriz planeja esse meu perfil, de resguardar ou não minha vida privada, nem nada.

BRANDO: Mas de alguma maneira sempre conseguiu escapar naturalmente de responder se quer filhos, se vai casar.
CARLA: Ai! Todas essas perguntas feias! Mas também por ser segunda tanto tempo, e ai tem mais prazer, que não interessava tudo isso da minha vida. E é agora que aparecem as perguntas, mas já estou grande. E o que vou dizer? Tudo é um pouco evidente. Se vou casar? E sim...Se quero ter filhos? E sim. O não, mas essas coisas são normais.

BRANDO: Igual, agora você fala muito naturalmente “meu namorado”, algo que antes jamais tinha feito. Tem um esclarecimento.
CARLA: Sim, mas é porque agora tenho um namorado! (risos).imagina se em uma nota vai dizer: “Sim, este fim de semana sai com um rapaz aqui do bairro”. É pouco interessante (mais risos). Também poderia ter aproveitado antes para sair com coisas como: “Sim, Brad Pitt me mandou um e-mail”, mas, bem, não me ocorreu. A verdade é que poderia ter inventado um par de coisas no passado, mas não estive atenta.

BRANDO:Seu namorado não é ator. Isso complica?
CARLA: Sem duvida, minha profissão é bastante particular e não é qualquer um que suporta. Incluindo naquela época, quando não era tão conhecida, mas só para mim era...Para, para”Aquela época” digo, haha, e aquela época foi faz um ano e meio (risos).

BRANDO: A gente muda de um montão em um ano. O que estava fazendo em outubro do ano passado?
CARLA: Estava começando Lalola. Saia no ar fazia muito pouco tempo, tinha ido a Milão fazer um papel no teatro e ligava por telefone. Perguntava como ia e me diziam: “Faz 12 pontos, na America, fica ai’”.


BRANDO: Jamais tinha imaginado?
CARLA: Mas zero! E depois...o que foi chegar....e tudo o que acabou passando.

BRANDO: E fora do profissional. Também esta em um lugar diferente do ano passado?
CARLA: Claro. Eu não tinha namorado antes de Lalola, imagine. E no final estou te contando tudo, tche... Bom, eu te conto tudo (risos) Mas sim, a verdade é que foi um ano de muitas mudanças: uma grande sida profissional, um crescimento enorme, alguém que me acompanha. Acredito que foi um dos melhores anos da minha vida.


BRANDO: E no ano que vem a esta altura, onde acredita que vai estar?
CARLA: Descansando. “Juro que sim” Faz anos que trabalho em novelas todos os dias e me sinto como se tivesse feito a universidade de novelas. Não! Mais! Primário, secundário, universidade e pós graduação da telenovela! Tenho que me retirar um pouco. Porque já tenho varias coisas que quero fazer, realmente.

BRANDO: Como o que?
CARLA: Estar na minha casa e também viajar. Eu gosto de estar com meu namorado, falar com meus amigos, assistir filmes.

BRANDO: O que tem visto ultimamente?
CARLA: Ontem vi ladrão de bicicletas e na semana passada, Vertigem. Eu gosto muito dos clássicos. Sou antiga.

BRANDO: Tem uma videoteca grande?
CARLA: Agora estou começando a ter. Não é grande, n/ao é enorme, mas tenho muitos filmes na maioria clássicos, repito.

BRANDO: Ultimo concerto que foi?
CARLA: Fomos ver Bill Callahan no Niceto, Essa é a influencia do meu namorado, ele me faz ouvir coisas mais modernas e esta ótimo. Fomo a este concerto e foi muito lindo. Já que é tão difícil conseguir entradas pra Madonna.

BRANDO: Você vai?
CARLA: Olha, quero ir, eu declaro: quero ir. Quero comprar a entrada de Madonna e se alguém me disser como, eu agradeço muito. Porque isso de por telefone é mentira. Ir para a fila eu não posso. Em um cambista não vou comprar. Assim que faço um pedido a solidariedade. Compro entradas pra Madonna, vip, platéia, aonde for.

BRANDO: Você foi vê-la da outra vez que veio?
CARLA: Sim! Éramos tão jovens! E foi muito lindo, por isso quero ir agora. Mas bem, foi mais fácil comprar a entrada quando era uma menina do colégio. Não sei como fiz. A gente não tinha nem internet nem nada. Eu consegui a entrada desta vez e agora que supostamente teria que ser mais fácil, é muito mais difícil.

BRANDO: Vá direto ao ponto “coisas que me fazem falta”.
CARLA: Sim: conseguir a entrada de Madonna. Ai, realmente espero poder ir vê-la. Tomara que não fique pendente isso. E bom, sim não....Assisto em casa em um DVD, ou pela TV porque certamente vai passar.(risos)


BRANDO: Como é um fim de semana ideal?
CARLA: Longo! Longo! Eterno!

BRANDO: Com ou sem saídas a noite?
CARLA: Não, não preciso. Não tenho vida noturna agora.


BRANDO: Por quê?
CARLA: É que trabalho muito, assim que a noite descanso. E trato de comer bem porque senão, de manhã chego com uma cara impossível. Tenho que me cuidar para a novela, para poder fazer cinema, e para não terminar me operando toda (risos). Não quero passar por velha já.

BRANDO: Pesadelo: passar pó mãe de filhas já grandes.
CARLA: Não! Claro (risos), Viu? Tem que se cuidar. Alem disso, me levanto muito cedo e a vida muito noturna me da sono. Já a uma da manha quero dormir. É por isso e porque me sinto melhor, realmente. Custa um pouco. As mudanças levam tempo. É como quando vamos a academia: nunca se vê magra e deixa de ir antes de que comece a fazer efeito, porque não existe resultados imediatos.

BRANDO: Você tem 34 anos. Te preocupa a idade?
CALRA: Não, mas começo ao ver o passar do tempo. Não somente em mim, mas também em meus amigos, em minha família, e isso me da uma realidade horrenda, mas é a realidade. Era mais fácil ver a realidade quando não se notava tanto que o tempo passava. Quando me olho no espelho é o de menos, mas o que me mostra a idade é tomar consciência do tempo.

BRANDO: O tempo já não esta a favor?
CARLA: E não. E não quero que continue chegando. Agora quero que pare e antes queria que avançasse. Eu, hoje, faço qualquer coisa para que pare aqui.

BRANDO: E isso te deixa mais transcendental?
CARLA: Dar-me conta de que o tempo passa me faz decidir que tem que fazer tudo o que se tem vontade de fazer. Então, me torno ativa e faço tudo o que me diverte o que eu gosto. Eu sinto que tenho todas as possibilidades, que tudo esta ao meu alcance. Às vezes a gente se queixa, mas é bastante possível realizar muitas coisas.

BRANDO: E você pode fazer tudo o que quer?
CARLA: Eu sim. De maneiras diferentes, mas sim. O que me custa às vezes é ter inteligência para realmente pensar grande, não ficar com qualquer coisinha. Tem que querer mais, mais e mais. Queria poder pensar grande, porque eu vou sempre fazendo coisas pequenas e às vezes me pergunto se não deveria dar um salto no que quero fazer. Se afinal, tudo passa tão rápido.

BRANDO: Que coisas você nem gosta de pensar?
CARLA: E, agora, mas que tudo, trabalhar tanto que não tenho muito tempo de não trabalhar começa por ai, por querer tempo livre de verdade e em quantidade para dedicar-me a viajar muito antes de ter minha família, que quero ter. E então isso é gigante de imaginar.

BRANDO: Formar sua própria família te assusta?
CARLA: Não, me intriga. Me deixa com uma pergunta enorme, mas são coisas que deveria ir passando e, bom, confio nisso. Mas sei que tenho um tempo, isso é real. Mas a pergunta do relógio biológico não faça haha. Por favor.

BRANDO: Não, não. Me lembrava do filme Quando Harry conheceu Sally, onde em uma cena ela chora desconsolada e diz que esta por fazer 40 anos e ele se lembra que só tem 32. E ela responde: “Bom, por isso, já faço 40”.
CARLA: Claro, sim, essa é um pouco a sensação que as vezes tenho. Mas eu, pior, digo: “Vou ter 50”. Um espanto. Faltam 15 anos! E não, claro, assim a gente vai ao tenho-que-ter-um-filho-já e não esta bom. E eu sou assim, exagerada, fui direto aos 50 (risos). Eu, 50 anos....qualquer coisa....

BRANDO: Se imagina aos 50?
CARLA: Sim, imagino. O pior que isso: que me imagino (risos).

BRANDO: Quando criança se imaginava sendo atriz?
CARLA: Sim, mas não sabia realmente o que era ser uma atriz. Depois, quando cresci, vi qual era o panorama e quais eram os cenários, ou seja: televisão, teatro, cinema, e fui me interando. Mas toda minha vida pensei que ia ser atriz.

BRANDO: O que imaginava desde a fantasia?
CARLA: Me via chegando a estréia do meu filme com um vestido de pele sintética branco (risos). E descendo de um carro antigo, grande. Porque sou antiga para essas coisas. Por isso o de Mirtha Legrand (risos). E depois, também me imaginava nas fotos. Não as reportagens, mas sim bem nas fotos. É que tem algo de vaidade em ser ator, viu. E os prêmios, os discursos de agradecimento. A idéia sempre foi dizer coisas muito inteligentes, mas chegando o momento não acontece. A gente gagueja, se esquece de agradecer a muita gente.

BRANDO: Sua vida real se parece com isso que imaginava?
CARLA: Sim. E isso me deixa contente. E também pela maneira em que foi acontecendo tudo. Imaginava-me também assim, como é a realidade, e isso me encanta, porque me da esperança e confiança nas coisas que faço. Mas alem dos erros, que vai haver um montão e houve milhares.

BRANDO: Quando criança, no colégio, era das lindas, das graciosas, das feias, das gulosas:
CARLA: Era das graciosas. E a capitã das equipes. E das esportistas. Meus companheiros gostavam muito de mim, alem disso. Eu era a que organizava os atos e fazia tudo. Estudava, me divertia. Mas também às vezes fui escolta, eh. O prazer de ser o segundo, não?

BRANDO: E agora que cresceu, de quais é?
CARLA: Quando protagoniza uma novela esta ai, na cabeça do grupo, e tem que ver como dirigir uma equipe. Faço comédia, assim que continua sendo a divertida. Alem disso, eu gosto de fazer palhaçadas físicas quando trabalho me jogo assim para que alguém me ataque, ou faço piruetas. Me faço de esportista o tempo todo. E me entusiasmo com cada coisa que faço. Acredito que continuo sendo a mesma. Basicamente, das graciosas que fazem de tudo, digamos. Mas grande.

BRANDO: O quanto se importa com a estética?
CARLA: Me sinto bem e me vejo bem. Me encanta a moda e a roupa. Mas como uso muito isso nos programas de televisão, depois na minha casa, não sei, sou mais do jeans e pulôver. Mas um dia vou ter um guarda roupas enorme, repleto. Quando for velha, haha, vou ter milhares de batons. (risos).




Tradução: Juraci,postado no Forum LBCP.

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