Griselda Siciliani e Carla Peterson falam de "Corazón Idiota", uma experiência de teatro criada além da tv.

O público as conhecem por seus trabalhoos como Patito Feo, Lalola, Los Exitosos Pells. Mas seu espetáculo é outra coisa. Não renegam a popularidade televisiva: investiram em suas aventuras teatrais.

Natalia Laube
28.07.2009




Além do princípio da tv.
As duas atrizes são conscientes de sua popularidade ajuda a convocar público. "Nos deu confiança de poder convocar", asseguram.

"Carla não chegou ainda, começamos assim mesmo?". Os olhos de Griselda são grandes e amaváeis para cumprimentar e em seguida fogem dos olhares da entrevistadora, buscando um ponto imaginárii e a maneira mais sucinta de explicar a ausência da sua amiga Carla Peterson, demorada por uma mudança de planos de última hora: "Íamos fazer a entrevista perto do Multiteatro, mas quando vi o frio que fazia não quis que a ela fosse até o centro e ofereci faze-lá mais perto de sua casa: eu, de todas as maneiras, tenho que ir ao centro, porque hoje estou dependendo da forma das coisas. Mas falei com ela, Carli sabia do novo lugar e não da mudança de horário. Não se preocupa: vive quatro quadras daqui e já está a caminho." Griselda deixa claro com exemplos como este: vão acreditar que quando dizem que é pura amizade. Desde que se conheceram en "Sos mi vida" - a novela de Pol-Ka que em 2006 protagonizaram Natalia Oreiro e Facundo Arana - descobriram que tinham várias coisas em comum.

A relação, dizem, foi firmando com os anos, sabia-se que faltava algo para selar, isso era um projeto em comum. "Corazón Idiota", a obra que acabam de estrear no Paseo La Plaza, funciona assim: tiveram a idéia durante as gravações da única novela que trabalharam juntas, sem imaginar que os anos seguintes as levariam para as capas de revistas e para milhões de televisores em países desconhecidos ("Lalola", novela que protagonizou Peterson, vendeu para mais de 65 canais de todo o mundo, incluindo alguns que nunca haviam visto uma série argentina; o show de "Patito Feo", onde Siciliani encabeçava ao elenco adulto junto com Juan Darthés, foi visa ao vivo por mais de 400 mil pessoas durante sua útlima turnê latinoamericana e se converteu em um boom televisivo em Israel, continuando o caminho que já vinham traçado as antecessoras Chiquititas e Rebelde Way).

O êxito mediático e as horas de gravações não as deixaram os ensaios de lado. Depois de tudo, "Corazón Idiota" foi uma aposta ao do it yourself(faça você mesmo) que nasceu em um momento em que suas carreiras onde já não são escassas nas produtoras. Mais tarde, a partir da incorporação na direção de Carlos Casella, Ana Frenkel e Daniel Cúparo (criadores e intérprete do célebre grupo El Descueve, respectivamente) a coisa começou a tomar forma. "Tudo mudou bastante para nós desde que começamos a pensar em fazer uma obra. E as coisas foram mais fáceis em um ponto, mas muito mais difícil em outro: foi mais complicado encontrar tempo real para ensaiar, para provar o vestuário, para tudo. Quando pensamos em faze-lo, eu comecei a estar em turnê todo o tempo com "Patito Feo". Mas nós duas insistimos em não desistir, porque pensávamos "se não fazemos agora, não faremos mais". E parece uma frase feita, mas de verdade é um pouco assim: "Corazón Idiota" não é um espetáculo para fazer aos 50. É de muita atividade física (cantamos, dançamos, nos movimentamos muito) e é um pouco juvenil. Se fizessemos em dez anos, íamos ter que tirar pelo menos quatro coreografias!"

- E além do tempo, sentem que a fama tiraram a liberdade? Pode-se tornar mais difícil jogar sobre o cenário com o despreparo de antes...

GS: - Não, para nós, nesse sentido, é o mesmo que antes e agora: não temos nenhum coceira televisiva. Nem eu e nem Carla, que fez mais tv que eu. Pelo menos em todo o processo criativo, eu nunca a vi especulando com o que pensaríam os outros com sua imagem. Ela faz qualquer coisa!

Então - finalmente- chega Carla, com detalhes que combina com o dia frio e cinza: enormes boas de chuva verdes, uma olhada livre de rímel, o cabelo um pouco revolto. Um tempo de chuva. "Amiga!", cumprimenta Siciliani. "Já contei tudo de você: me perguntou se te dava vergonha fazer a cena que você começa e lhe disse que não, que não tem vergonha na televisão e que fica animada para fazer o que seja". Peterson ensaia o tom cúmplice: "Bom, agora sim se quiser andar e eu falo de você". As garotas riem. "A cena de sexo? Não, a mim não me incomoda, incomoda um pouco mais a minha mãe. Sabe o que me disse depois de ver a peça? "Há coisas um pouco fortes que eu não gosto de ver". E agora, também em conjunto, as garotas dão um sorriso.

- Como ocorreu convocar os diretores procedente do El Descueve?

CP: - Nós sabíamos que queríamos fazer um musical Queríamos dançar e cantar para sair do que geralmente fazemos. Movimentar muito.

GS: - E eu tinha feito uma temporada de Hermosura com eles e tinha ficado com vontade de fazer algio mais que tivesse essa linguagem. Que não é o de Sweet Charity nem de outros musicais mais clássicos: é texto, músicas, danças, diferentes linguagens mesclados de uma forma diferente e particular.

CP: - Para mim, inclusive, os textos poderiam não estar. Ou poderia haver uma só palavra, talvez. Mas a música aparece e está aí, presente. Por isso não nos preocupamos tanto por fazer textos que fossem gêniais, se não porque na mescla, na totalidade, o que fazíamos deu um show alegre e vital.


- O grupo que as dirige é referente na arte de misturar linguagens e provem, ademais, de um coletivo que fez escola e percorreu o mundo. Importava-lhes fazer algo “prestigioso”?


CP: –Não sei se tão assim, mas trabalhar com eles para mim sim era um desafio e um desejo. Algo que sabia que em algum momento queria fazer. Eu me identificava muito com os trabalhos de O Descueve e estava segura de que podia conseguir certas coisas que até agora não tinha conseguido,com a supervisão dos garotos e com muito treinamento. Isso me interessava. Eu achava que eles podiam me ajudar a conseguir uma expressão interessante e nova e eles acharam que eu o podia conseguir. E para mim isso esfoi muito, que tenham confiado: não tanto em Griselda, porque já a conheciam, senão na dupla.

- Pensam que irão as acompanhar o público que as seguia em televisão?

CP: –Ojalá venham todas as pessoas que viam a Patito... ou Los Pells! Somos conscientes de que muita gente que não sempre vai ao teatro vai vir ver esta outra parte nossa. Se não, não o faríamos… Ou sim, tivéssemos feito a obra igual, mas não estaríamos nesta sala tão grande, com tanta produção. Tudo seria outra coisa. A nós nos ajudou muito o que fizemos na tv para convocar, ou melhor dito: para ter a confiança em que podemos convocar. Eu me sento muito privilegiada de poder ter feito Corazón idiota: o fantaseamos, pensamos-lo desde a vontade e hoje é uma realidade. Emociona-me ver como passa o tempo e como passaram coisas durante todo este processo. E gostamos muito, muito o que fazemos. Então é único que isto esteja acontecendo: estamos numa das melhores salas de Buenos Aires, com os melhores diretores e fazendo algo que nos encanta.

GS: –Hoje escutei uma mensagem que me deixaram meus velhos após ver o musical. Tinha sobretudo uma frase de meu papai, que estava muito emocionado, que me pareceu muito original. Dizia-me: “Estou orgulhoso de teu capricho de ser o que és”. O maior privilégio, para mim, é esse: que tenhamos tido este capricho e nos tenha saído bem.

A delgada linha entre a vida real e a ficção

Numa fina linha entre o autobiográfico e o ficcional, Corazón idiota conta as desventuras amorosas de duas coristas de uma banda (Fernando Tur, Diego Rosental, Rakhal Ferreiro e Leio Kreimer). A partir de canções (há de Mina, de Rita Lee e até do próprio Diego Vainer, selecionador musical), coreografías e textos breves, o espetáculo reconstroi momentos intensos de Clara e Loli (Peterson e Siciliani, respectivamente): um sonho, uma relação sexual, quando deixaram a seus casais ou foram deixadas. “Foi-se armando a partir de episódios de todos e também de textos escritos pelos diretores. São personagens exacerbados: muito do que dizemos desde um lugar muito extremo –muito deste tipo de teatro– são coisas que uma vida pensou mil vezes. Quando Loli se volta louca e deseja ter um acidente, por exemplo, em realidade está pedindo que lhe aconteçam coisas: ficar grávida, casar-se, sofrer por amor emagrecer vinte quilos. Essa cena que eu faço é uma metáfora de isso”, analisa Siciliani.

- Numa cena recrimina o seu casal por não ter te convidado ao bar mitzvá de seu sobrinho,.Também teve autobiografía aí?

GS:
–(Risos). Não, estava escrito assim: muitos textos foram armados pelos diretores e nós improvisamos a partir de uma base já escrita. Não sei se foi intencional, mas também não somos ingênuos: demos-nos conta de que todo mundo ia pensar em Adrián (Suar, seu casal). Mas a metade da sala sempre é da coletividade, e a nós nos fazia graça essa ignorância que muitas vezes temos os goyim. Eu, por exemplo, digo bar misbá, nunca digo mitzvá. Eu acho que muitos vão se identificar e rir mas terá quem encontrem a conexão com Adrián.

Em Tratame bem ou em qualquer momento da tarde

Ainda que nos meses que lhe ficam a 2009 as terão afastadas dos sets televisivos, Siciliani –que acaba de gravar uma participação em Tratame bem mas não tem planos de voltar a protagonizar, no momento– e Peterson –que deverá esperar um tempo para que Sol Pells se dissipe no imaginário coletivo– seguem ocupando tela garota graças às repetições de nossa bem amada tv: à mesma hora e por diferentes canais, a morena volta a ser Carmen, a mamãe de Patito Feo (às 17 pelo Treze) e a loira, Luzia, professora de dança de Celeste Cid em Enamorate(às 17.15 por Telefe, lembra-se? com Emmanuel Ortega).


fonte: criticadigital.com

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